Fazendo género na escola: uma análise performativa da negociação do género entre jovens

Autores

  • Maria do Mar Pereira Autor

Resumo

Faire le genre à lécole: une analyse performative de la négociation du genre enntre les jeunes Au Portugal, il n'y a pas une problématisation théorique et empirique élargie de la dimension performative du genre, c'est-à-dire, de la façon dont différences, ressemblances et inégalités de genre se (re)construisent et se négocient au quotidien dans linteraction. Avec cet article, nous prétendons contribuer à lapprofondissement de cette réflexion au travers de la discussion dune ethnographie réalisée avec des jeunes dune classe de 4e du collège dans une école de Lisbonne. Prenant comme point de départ trois études de cas (la gestion de laccès aux espaces de récréation et le caractère hétéro-normatif et homophobique de la régulation des masculinités), nous argumentons quun abordage performatif est un instrument utile et pertinent pour la problématisation du genre ainsi que pour lanalyse critique des modèles théoriques actuellement utilisés pour étudier les questions de genre dans la recherche sociologique mainstream de notre pays. Mots-clés Genre, Performativité, Jeunes, École, Etnographie. Desde finais da década de 1980, várias/os autoras/es têm alertado para a necessidade de reconhecer o carácter situacional e performativo das masculinidades e feminilidades, teorizando o género não como algo que se é ou tem, mas que se vai fazendo. Estes debates produziram transformações significativas nos paradigmas de teorização do género, colocando a performatividade no centro da agenda. No entanto, essas transformações não aconteceram de igual forma e ao mesmo ritmo em todas as disciplinas e países. Em Portugal, por exemplo, não existe um corpo alargado e consolidado de reflexão teórica e produção empírica sobre género numa perspectiva performativa, o que significa que são ainda limitados os conhecimentos sobre os modos como as pessoas «fazem» género nos mais variados espaços (sociais e geográficos) no nosso país. Araújo et al. (2002: 4) salientam a necessidade de «reestruturar a teorização das relações de género» de forma a que «em vez de ver uma ideologia dominante a ser «transmitida» para reproduzir acriticamente ( ) desigualdades de género», se acentue «a [sua] negociação no contexto da experiência vivida». Miguel Vale de Almeida considera que «precisamos ( ) de gente das ciências sociais trabalhando ( ) para lá da (necessária) identificação dos valores (tanto inquérito já, meus deuses ). Precisamos de perceber como eles são vividos, postos em acção, negociados. Precisamos de etnografia» (2006). O objectivo deste artigo é contribuir para aprofundar esses conhecimentos, estudando a negociação do género entre jovens a partir de uma perspectiva feminista, etnográfica e performativa. Interessa-me compreender como é que estas/es jovens acentuam e minimizam, reforçam e contestam diferenças e semelhanças assentes nas categorias «masculino» e «feminino». Situando estes processos nas redes de relações (de amizade, conflito, poder e desigualdade) entre pares, analisarei masculinidades e feminilidades não como produtos estáveis e acabados de socializações genderizadoras, mas performances que as/os jovens vão (re)configurando quotidianamente. Não negando a influência da socialização na formação de subjectividades, capacidades e interesses (Vieira, 2004), perspectivo estes/as jovens como sujeitos activos e criativos de uma negociação do género contínua e variável. Conceptualizando a dimensão performativa do género A ideia de que as interacções podem ser analisadas como performances não é recente ou exclusiva do estudo do género. No século XVI, Shakespeare escreveu «todo o mundo é um palco, /e todos os homens e mulheres apenas actores, /todos têm as suas saídas e entradas, /e um homem [sic] na sua época desempenha vários papéis»2 e desde meados do século XX que se recorre à metáfora do teatro para descrever a vida social

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Publicado

2009-12-01

Edição

Secção

Dossier: Fazer o Género - performatividades e abordagens queer

Como Citar

Fazendo género na escola: uma análise performativa da negociação do género entre jovens. (2009). Ex æquo, 20(20). https://exaequo-ojs.apem-estudos.org/exaequo/article/view/773

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